Acompanho de perto a evolução da computação em nuvem e,
realmente, de 2009, quando escrevi um livro sobre o assunto, para hoje,
dá para ver nitidamente um amadurecimento do seu conceito. Já vemos
aqui e ali experiências positivas que servem de best practices, além de
insights bem interessantes para uso inovador desse modelo. Nas conversas
com CIOs, também fica claro que uma parcela significativa deles já
compreende (e absorveu a ideia) que cloud vai trazer mudanças nos papéis
e responsabilidades de TI.
Os medos e os receios iniciais, o velho FUD (Fear, Uncertainty and
Doubt), que sempre acompanha as mudanças tecnológicas, vem sendo pouco a
pouco eliminados, à medida que cloud é mais bem compreendido.
A visão inicial de cloud focado na redução de custos começa a ser
ampliada e já vemos casos de seu uso de forma inovadora, criando novos
negócios ou gerando oportunidades de negócio que o antigo paradigma de
TI não permitia. Na prática, à medida que cloud for se disseminando, o
fator redução de custo terá menos importância, uma vez que as empresas
estarão usando esse modelo de forma natural, como hoje usamos o
cliente-servidor. Os fatores que impulsionarão cloud serão flexibilidade
e velocidade no time-to-market, fundamentais no cenário altamente
competitivo do século XXI. Criar um novo negócio sem precisar montar uma
cara infraestrutura de TI será algo que abrirá espaço para o surgimento
de novos negócios, bem como permitirá empresas já existentes explorarem
novas ideias e produtos com investimentos bem menores. Em vez de
capital financeiro para bancar a infra tecnológica, o eixo da competição
vai se deslocar para o capital intelectual.
O papel de TI é afetado. Com provedores externos cuidando da
infraestrutura tecnológica (em nuvens públicas ou mesmo privadas), as
áreas de TI podem concentrar seus esforços e energia na inovação,
gerando novas oportunidades de negócio. Portanto, a TI, livre da âncora
de cuidar de tarefas de zero valor agregado, como instalar uma nova
versão de sistema operacional ou um novo release de banco de dados, vai
se concentrar nos aspectos mais importantes do negócio. Os profissionais
dessas funções operacionais vão se concentrar nos provedores de TI ou
nas grandes empresas que manterão dentro de casa suas nuvens privadas.
Outro setor que será muito afetado serão os atuais VAR (Value Added
Reseller), que vivem de comprar hardware mais barato e vendê-los com
alguma margem adicional para seus clientes. Os grandes provedores de
nuvem comprarão servidores em grandes lotes, indo diretamente aos
fabricantes. As empresas de pequeno e médio porte, no fim da década,
estarão comprometidas com as nuvens, não mais adquirindo servidores
físicos. Suas aquisições serão mais e mais exclusivamente de servidores
virtuais.
Essas transformações já estão ocorrendo. A IBM, por exemplo, ajudou a
implementar mais de 3.500 nuvens privadas em todo o mundo. O domínio de
TI passa de hardware e sua posse para o mundo do software. Cloud, na
verdade, transforma hardware em software… O desafio para a área e os
executivos de TI é conseguirem se adaptar rapidamente a essa inevitável
transformação e assumirem a liderança do processo. A migração do
ambiente on-premise para cloud é um caminho sem volta e, se a TI não
assumir papel estratégico e preponderante, o resultante poderá afetar de
forma negativa a empresa.
Mas a adoção de cloud tem desafios, e a área de TI deve entender
claramente os riscos envolvidos. Os exemplos lidos
na mídia especializada nem sempre são válidos para todas as empresas.
O nível de maturidade da organização para adotar a computação em nuvem é
um fator de grande relevância. Dependendo da indústria, proatividade da
estratégia do negócio, seu posicionamento no mercado e mesmo
a infraestrutura disponível no seu país, o ritmo de adoção de cloud vai
se tornar único para cada empresa.
Portanto, a estratégia de adoção de cloud deve extrapolar a TI.
Envolve o negócio em si. TI deve definir a arquitetura tecnológica,
orientar a migração, definir best practices e poliíicas de adoção e uso
de cloud. TI deve sair do paradigma de controlador para advisor.
Um exemplo: quando cloud surgiu, discutiu-se muito as questões de
segurança. Na minha opinião muito mais FUD que realidade, uma vez que um
data center de um provedor de grande porte de nuvem tem muito mais
recursos de segurança que a maioria dos data centers das empresas. Agora
o eixo da discussão começa a se deslocar para interoperabilidade,
definição de padrões abertos e adoção de best practices de governança em
nuvens. Interoperabilidade porque com certeza em um horizonte
previsível a maioria das grandes empresas vai ter seu workload em nuvens
privadas, mais de uma nuvem pública e em sistemas on-premise. Como
interoperar esse ambiente? A TI deverá ter essa resposta!
Fote: iMasters - autor Cezar Taurion
Nenhum comentário:
Postar um comentário