Ocupando uma área menor que 1,5 metro quadrado de uma sala, seis
máquinas formam o novo cluster computacional da Faculdade de Tecnologia
da Universidade Estadual de Campinas (FT/Unicamp), no campus de Limeira,
capaz de realizar 4,5 trilhões de operações aritméticas por segundo.
“Isso
corresponde, grosso modo, a calcular 10 bilhões de vezes a tabuada de 1
a 10 no tempo de um estalo de dedos”, diz Vitor Rafael Coluci,
professor da FT/Unicamp que coordenou o projeto “Aplicação de computação
de alto desempenho em problemas interdisciplinares”, que se estendeu
entre 2010 e 2012 e apoiou a formação do cluster.
Os equipamentos de computação de alto desempenho, como os da nova
estação, são necessários para realizar pesquisas que envolvam temas como
previsão do tempo, análise de propriedades materiais, sistemas
hidráulicos, dispersão de poluentes, alerta de enchentes e tráfego de
informações entre celulares. Eles permitem processar mais informações em
menos tempo e detêm grande poder de armazenamento.
Esse
projeto apoiado pela Fapesp estava associado a uma chamada pública
promovida pela Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), órgão
vinculado ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI). O
edital oferecia apoio financeiro para criar ou aperfeiçoar a
infraestrutura voltada a pesquisas científicas e tecnológicas de centros
emergentes.
Entre os trabalhos da FT/Unicamp já
beneficiados pelos equipamentos, Coluci destaca a dissertação de
mestrado “Processamento de imagens astronômicas em ambiente de alto
desempenho”, de Fabio Andrijauskas, com orientação do professor André
Leon Gradvohl.
A dissertação rendeu um registro de patente
no Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI): o software
Astronomus (registro 13168-3), que processa imagens do espaço em
altíssima resolução, oferecendo grande quantidade de dados para estudo.
Outro
projeto de mestrado da FT, cuja autora utilizou a nova infraestrutura,
foi “Concentração de poluentes na represa do Pinhal: modelagem
matemática e simulação computacional”, de Camila Mantovani, com
orientação da professora Elaine Catapani Poletti.
“Nesse
caso, o equipamento permitiu realizar cálculos matemáticos para estimar
de forma mais rápida e precisa o tempo em que determinado poluente
químico pode se espalhar em uma represa, de um ponto a outro. Isso
permite propor estratégias mais eficientes para solucionar o problema
ambiental de dispersão de poluentes”, explica Coluci.
Ainda na área de meio ambiente, o professor Luiz Camolesi Júnior
orientou o aluno Paulo Rafael Ferreira Sampaio Bonafe no projeto de
iniciação científica “Extensão do Sistema de Monitoramento e Alerta de
Desastres Naturais (Sismaden-Cptec/Inpe) para análise de enchentes e
secas extremas na região do Pantanal (Bacia do Rio Paraguai)”. O
resultado foi a criação de um software capaz de simular situações de
chuva e enchentes.
Além de ter coordenado o projeto de implantação do cluster, Coluci
utiliza os recursos do equipamento em pesquisas próprias, voltadas ao
estudo da interação de poluentes ambientais com nanomateriais –
materiais feitos de componentes com tamanhos entre 1 e 100 bilionésimos
de metro. Em 2012, sua aluna de mestrado Tsai Hsin Yu obteve bolsa da
Fapesp para desenvolver a dissertação “Adsorção de poluentes ambientais
em nanomateriais”, que contará com o equipamento da FT para análises
mais rápidas e precisas.
Também surgiram trabalhos que
abordam temas como simulação de tráfego de informações entre celulares
conduzidos pelo professor Varese Salvador Timóteo, com o objetivo de
otimizar o uso das baterias; e sistemas hidráulicos, voltados à melhoria
do desempenho computacional de cálculos que envolvem transientes
hidráulicos, responsáveis por perturbações de pressão e vazão em
tubulações de distribuição de água.
Mais usuários - Ao
longo dos dois anos de vigência do projeto de criação da
infraestrutura, dez pessoas participaram do trabalho, entre alunos e
professores, com publicações de artigos e apresentações em congressos e
seminários.
Hoje, o número de usuários do equipamento já
triplicou – graças tanto à demanda interna da FT/Unicamp como externa,
que acessa o cluster de forma remota. “Os assessores da Fapesp que
analisaram o projeto exigiram que as máquinas adquiridas fossem
disponibilizadas a outras instituições em tempo integral. Por isso,
criamos uma página na internet que apresenta o nosso Laboratório de
Simulação e de Computação de Alto Desempenho e permite o cadastro de
interessados. Avaliamos os projetos enviados e criamos contas de acesso
para novos participantes”, explica Coluci.
Quem é
cadastrado acessa o cluster, submete os cálculos que deseja realizar e
pode acompanhar a execução pelo site. Há usuários de instituições como a
Universidade Presbiteriana Mackenzie, em São Paulo, o Instituto
Agronômico e as faculdades de Engenharia Elétrica e de Química, na
própria Unicamp.
De acordo com Coluci, a FT conta ainda com
um profissional técnico para cuidar das máquinas, gerenciar o site,
oferecer suporte aos usuários e preparar cursos semestrais para ensinar
alunos e professores a usar o equipamento, de modo que cada vez mais
pesquisas sejam beneficiadas pela infraestrutura recém-adquirida pela
faculdade.
Fonte: Info.
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