A Microsoft manteve uma estreita colaboração com as agências de
inteligência americanas para facilitar a interceptação de mensagens
privadas de seus usuários, segundo documentos da Agência de Segurança
Nacional dos EUA (NSA) revelados nesta quinta-feira pelo jornal
britânico "The Guardian".
A nova informação divulgada pelo ex-técnico da CIA Edward Snowden
revela como a empresa do Vale do Silício ajudou a NSA a evitar o sistema
de criptografia que protege as conversas entre os usuários através do
chat do site Outlook.com.
Segundo os documentos, a agência tinha capacidade de acesso às
mensagens de e-mail enviadas com o Outlook - que inclui o Hotmail -
antes que o programa as codificasse para envio seguro.
A Microsot trabalhou, além disso, durante este ano com o FBI e a NSA
para facilitar o acesso indiscriminado às informações arquivadas na
nuvem através do serviço SkyDrive, que conta com cerca de 250 milhões de
usuários.
Também o Skype, uma companhia que a Microsoft adquiriu em 2011 por
cerca de 6 bilhões de euros, ajudou os serviços secretos dos Estados
Unidos para facilitar seu trabalho de interceptar conversas em formato
de vídeo e áudio, segundo o "Guardian".
Snowden, que permanece na zona de trânsito do aeroporto de Moscou
desde 23 de junho, divulgou no início de junho documentos que revelam a
existência do programa Prism, que permite que as agências de
inteligência tenham acesso às informações armazenadas por milhões de
usuários nos servidores de empresas como Google, Microsoft e Facebook.
As empresas que apareceram nos documentos de Snowden negaram que seus
programas contenham "portas traseiras" para facilitar o acesso à
informação privada de seus servidores.
A nova informação indica, no entanto, que a Microsoft forneceu
soluções técnicas para os serviços secretos para permitir o acesso
direto às conversas criptografadas no site Outlook.com.
Um documento com data de 26 de dezembro de 2012 que o "Guardian"
atribuiu a uma comunicação interna da NSA diz: "MS (Microsoft),
trabalhando com o FBI, desenvolvida a capacidade de vigilância para
fazer frente (ao problema)".
"As soluções foram testadas com sucesso e entraram em funcionamento no dia 12 de dezembro de 2012", acrescenta o documento.
Outra nota descreve como a companhia trabalhou "durante muitos meses"
com os serviços secretos para permitir que o programa Prism tivesse
acesso ao SkyDrive sem a necessidade de autorização prévia.
Essa capacidade de acesso "significa que os analistas já não terão
que fazer um pedido especial ao SSO (um departamento da NSA) para isso",
afirma o documento.
Em comunicado enviado ao "Guardian", a Microsoft afirmou que leva o
seu "compromisso com seus clientes e o cumprimento da lei de uma forma
muito séria", e por isso só fornece informações privadas dos usuários
"em resposta a processos legais".
"Quando atualizamos produtos, em algumas circunstâncias existem
obrigações legais que requerem que mantenhamos a possibilidade de
oferecer informação para cumprir a lei ou em resposta a pedidos sobre
segurança nacional", afirmou a Microsoft.
Fonte: EFE
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