Revelações recentes sobre a extensa coleta de dados feita pela Agência
de Segurança Nacional dos Estados Unidos (NSA, na sigla em inglês)
ressaltaram o poder da vigilância eletrônica na era da internet,
renovando um debate histórico sobre os limites do governo na espionagem
de cidadãos de seu país.
Um ex-técnico de informática da
CIA chamado Edward Snowden, que havia trabalhado como terceirizado para
NSA, se identificou no domingo como a fonte das divulgações feitas
sobre a vigilância do governo americano, publicadas nos jornais Guardian
e Washington Post na semana passada.
As informações incluíam uma ordem judicial secreta para a empresa de
comunicação Verizon entregar todos seus registros de chamadas referentes
a um período de três meses, além de detalhes sobre um programa da NSA
batizado de PRISM, que coletava e-mails, registros de chats e outros
tipos de dados de companhias de internet. Entre essas empresas estavam
Google, Facebook, Microsoft, Yahoo, AOL e Apple.
Autoridades
da inteligência americana e empresas de tecnologia disseram que o PRISM
é muito menos invasivo que o inicialmente sugerido pelas reportagens do
Guardian e do Washington Post.
Uma série de pessoas
familiares com as negociações travadas no Vale do Silício afirmaram que a
NSA não tinha liberdade para remexer à vontade nos servidores e que os
pedidos tinham que ser especificamente sobre contas tidas como
estrangeiras pelas autoridades.
Ainda assim, as revelações
alarmaram defensores da liberdade civil e legisladores que haviam
apoiado medidas como o Ato Patriota, que deu novos poderes às agências
de inteligência depois do 11 de setembro, e a promulgação de uma lei que
passou a garantir imunidade às operadoras de telecomunicações na
concessão de informações privadas para o governo.
"Essa é a
lei, mas a maneira como ela vem sendo interpretada realmente tem me
preocupado", afirmou o senador democrata Mark Udall à rede ABC, neste
domingo. "É para mim uma violação da nossa privacidade, sobretudo se for
feito de uma forma que nós desconhecemos."
Um
ex-funcionário da NSA de alto escalão disse à Reuters que a análise
desse amplo conjunto de informações foi essencial para as investigações
da Agência. Se "um terrorista conhecido no Iêmen liga para alguém nos
EUA, por que ele fez isso e o que aconteceu quando essa pessoa nos EUA
começou a fazer chamadas para outros lugares do país?", ele perguntou.
"Na superfície, isso se parece com o surgimento de uma célula de
terrorismo."
Série de Divulgações - Depois da ampla cobertura do
caso pela mídia, ainda restam dúvidas sobre a gestão do programa, a
quantidade de informações tiradas das ligações e e-mails, e como as
conexões são mapeadas, selecionadas e guardadas.
A NSA "essencialmente mantém os e-mails para sempre. Eu não acho que
haja qualquer dúvida sobre isso", disse Mark Rossini, ex-supervisor do
FBI que trabalhou em uma unidade de contra-terrorismo da CIA e que disse
estar a par do funcionamento do PRISM.
"Eles não estão
lendo os nossos dados, eles estão armazenando-o em bits e bytes que
podem ser pesquisados", afirmou Rossini. O mesmo é provavelmente verdade
para a massa de telefonemas copiado da AT&T pela NSA, conforme
divulgado por uma fonte da AT&T em 2006, ele acrescentou.
A
forma exata como as companhias de internet fornecem informação ao
governo permanece incerta, em parte porque tudo relacionado ao programa
PRISM é considerado um segredo de segurança nacional. Também não ficou
claro como algumas empresas, notadamente o Twitter, disseram ter tido a
capacidade de resistir a esse escrutínio.
Muitas companhias
afirmaram que uma pessoa específica tinha a atribuição de aprovar cada
rastreamento. Fontes do governo e da indústria também disseram que
algumas das companhias pareciam ter instalado equipamentos especiais
para facilitar as buscas.
No entanto, a proteção dada aos
americanos deu pouco conforto aos governos estrangeiros e às centenas de
milhões de clientes dessas empresas fora dos EUA.
Na
verdade, o PRISM parece ser uma ferramenta eficaz para a NSA justamente
porque as companhias americanas dominam a internet e as comunicações
entre pessoas estrangeiras frequentemente passam pelos EUA. É uma
percepção exasperante para aqueles que vem defendendo o estímulo às
empresas de tecnologia na Europa para combater o domínio político e
econômico dos Estados Unidos.
Fonte: Info.
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