Pela manhã, o despertador toca e você levanta para mais um dia. Segue em
direção ao seu trabalho. Então eu pergunto: até chegar no escritório,
quantas vezes você deu aquela espiadinha no seu celular?
Se
você não conseguiu contar, não se sinta mal. Possivelmente a ação já é
tão automática que você nem percebe que está de olho no seu dispositivo
móvel. Você pode ter visto seu e-mail, suas mensagens, dado aquela
espiada nas redes sociais e lido umas duas ou três notícias
Estamos na era da mobilidade e do multiuso e é por isso que o
Facebook e o Yahoo! querem estar cada vez mais no seu celular – ou no
tablet, no seu relógio, no seu óculos entre outros.
A estratégia de Marissa Mayer no Yahoo! parece clara. A presidente já fez nada menos que 10 aquisições em menos de um ano.
Destas,
nove foram startups que haviam desenvolvido algum tipo de aplicativo
para celulares – a maior parte, de compartilhamento de informação, além
de recomendações e ferramentas de geolocalização. O Loki Studios,
aquisição mais recente da empresa, é a única startup que não fabrica
aplicativos. Trata-se de uma desenvolvedora de games para – adivinhe –
celulares.
Depois veio Mark Zuckerberg que, na divulgação
dos resultados do Facebook para o primeiro trimestre de 2013, afirmou em
alto e bom som que sua criação vai “tornar-se uma empresa de telefonia
móvel”. O acesso à rede social via celular teve um crescimento de 54%
sobre o mesmo período do ano anterior, com 751 milhões de usuários
ativos.
Não há dúvidas. Eles não querem mais estar onde
você está, mas pretendem estar em você – como um relógio, a roupa do dia
e, porque não, o celular.
Cultura.
A
questão é que tanto o Facebook quanto o Yahoo! encaram a mobilidade
como uma nova demanda, que parte da mudança sociocultural que o mundo
vive. “A comunicação anda de mãos dadas com o conjunto de práticas e
rituais que fazem nosso cotidiano”, afirma Valter Pieracciani,
sócio-diretor da Pieracciani Desenvolvimento de Empresas, consultoria
especializada em gestão da inovação.
Ambas as empresas
apostam na conectividade como um novo modo de viver – e não como um
modismo que deve sumir com o tempo. Exatamente por isso entendem que é
crescente a demanda por portabilidade. “Estamos nos comunicando mais,
naturalmente, as pessoas vão exigir mais funcionalidades e praticidade
de seus gadgets”, diz Pieracciani
No Brasil, a questão é
ainda mais dinâmica. O aumento do consumo da classe emergente cria uma
demanda a mais para as empresas nacionais – não basta “ser mobile”, é
fundamental estar antenado com as demandas específicas desse público
crescente.
Uma das maiores dificuldades de gerir produtos para ambiente móvel
está na identificação dos seus alvos. O coordenador adjunto do curso de
comunicação do Ibmec, Eduardo Murad, explica que atualmente há três
perfis de consumidores do meio digital.
Os mais novos,
chamados nativos digitais, não viram o mundo sem internet ou tecnologias
móveis. Por isso, tendem a ser o público com maior frequência e
flexibilidade dentro desse ambiente – e maior nível de exigência também.
Naturalmente esse público é crescente e, pela ordem natural das coisas,
deverão compor a totalidade do mercado em algumas décadas.
Os
imigrantes chegaram viveram a maior parte da sua vida em um mundo
off-line, mas hoje estão adaptados às mudanças que ele proporcionou. Por
fim, os turistas digitais são aqueles que não transitam com
naturalidade nesse universo. “São como estrangeiros em um país novo”,
diz Murad.
Justamente por quererem te acompanhar no seu
dia-a-dia, as empresas têm buscado entender esse consumidor de forma
mais integral. Os algoritmos da rede associados ao uso constante dos
consumidores cria uma enorme base de dados, que tem ajudado a segmentar
os usuários em divisões mais refinadas.
A ideia é aproximar
as empresas do seu processo decisório – e com isso, reduzirem as
possibilidades da rejeição do próprio produto.
Limitação.
E
por que essa realidade high tech ainda não engrenou de vez no Brasil? A
infraestrutura não é das melhores. “Alguns serviços são limitados, não
são completados porque a nossa rede de 3G ou 4G ainda é muito instável”,
afirma.
Os custos também precisarão ser reavaliados em
algum momento. Segundo Murad, os conteúdos ainda são caros no Brasil –
ainda que a classe emergente seja uma crescente usuária. “Para agregar
valor, não bastam serviços, mas informações”, diz. “Centavos podem fazer
diferença de um tremendo sucesso para um fracasso total.”
Fonte: Info.
Nenhum comentário:
Postar um comentário