Iogurtes que regulam o funcionamento do intestino já são velhos
conhecidos dos brasileiros. Agora, a tecnologia de alimentos investe em
métodos inovadores de elaborar comidas gostosas, como o sorvete, para
que elas façam bem para a saúde.
A pesquisadora Priscilla Pereira criou um sorvete feito com
leite fermentado e com microrganismos probióticos em sua composição
durante seu mestrado em Ciência de Alimentos pela Universidade Federal
da Bahia (UFBA). A sobremesa saudável com pouca gordura mata a vontade
de comer doce, regula o funcionamento do intestino e estimula o sistema
imunológico.
Em entrevista a INFO, Priscilla explica que teve a
ideia de criar o sorvete probiótico por causa da alta demanda de
consumidores em busca de alimentos saudáveis. "Decidi desenvolver um
produto muito consumido no mercado brasileiro e que já tivesse uma boa
aceitação pelos consumidores", afirma.
Durante sua pesquisa, Priscilla testou colocar no sorvete Lactobacillus acidophilus.
Esses probióticos são microrganismos vivos, como bactérias ou
leveduras, que fazem bem quando ingeridos em uma quantidade adequada. Os
probióticos permanecem vivos no organismo de um ser humano mesmo após
passar pelo sistema digestivo. Por chegarem vivos ao intestino, eles
podem trazer vários benefícios.
Alimentos probióticos são bons não apenas para regular o
funcionamento do intestino. Quem consome esse tipo de comida pode sentir
alívio nos sintomas da intolerância a lactose, por exemplo. Priscilla
afirma que esses microrganismos vivos também podem ajudar na redução do
colesterol, na prevenção de cáries e até contra doenças de pele.
Já é costume das farmácias vender esse tipo de microrganismo
em sachês, cápsulas ou em pó, por exemplo. A diferença entre os
alimentos e os remédios está no tempo de vida dos microrganismos. Os
probióticos vivem menos nos alimentos. Por isso, a comida deve ser muito
bem refrigerada para aumentar a vida dos microrganismos.
O consumo dos probióticos é muito mais prazeroso e saboroso
quando é feito por meio de um alimento, e não de um remédio. "O consumo
de probióticos por uma criança ou idoso é mais fácil quando o
microrganismo está em uma comida gostosa, e não em um medicamento", diz
Priscilla.
Por ser um alimento bom para a saúde, a indústria alimentícia
de vários países já investe nessa tecnologia. "Chicletes com
microrganismos probióticos já são comercializados nos Estados Unidos",
diz. A novidade ainda não é vendida no Brasil. Mas é possível encontrar
iogurtes, manteigas, leites fermentados, queijos, mingau e até papinhas
com microrganismos probióticos em supermercados brasileiros.
Uma explicação para ter mais alimentos probióticos em outros
países do que no Brasil é que o país começou a investir nesse tipo de
produto muito tarde. Em sua pesquisa, Priscilla menciona a falta de
apoio do governo em novas tecnologias e patentes para produção de
alimentos probióticos.
O Brasil começou a investir neste segmento, mas os números
ainda não são expressivos. "Explorar esse campo da indústria de
alimentos tem sido uma tarefa lenta no país. Apesar disso, o mercado
continua em expansão para esses produtos e é provável que nos próximos
anos esses números tenham um crescimento significativo no mercado
brasileiro".
O sorvete probiótico de Priscilla também não está em nenhum
mercado. Mas é possível que isso aconteça em breve. "Estou pensando em
patentear o processo e a fórmula usada na criação do sorvete", fiz.
Fonte: Info.
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