A grave crise que afeta a telefonia no Brasil forçou as quatro maiores operadoras móveis do país (TIM, Oi, Vivo e Claro) a apresentar agressivos planos de investimentos à Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel). Juntas, as teles firmaram compromisso com a agência de investir mais de 20 bilhões de reais até 2015.
A boa notícia por trás desse anúncio é que, para cumprir as metas acordadas com a Anatel, as teles precisarão contratar atendentes, gerentes, engenheiros e programadores em ritmo acelerado, revertendo a queda nos empregos na área de telefonia.
Afinal há dois anos, desde o início do processo de fusão entre Vivo e Telefônica, este setor registrou mais demissões que contratações. Além do compromisso com a Anatel, a chegada dos eventos internacionais agendados para os próximos anos no país (Copa do Mundo e Olimpíadas do Rio) e a necessidade de construir redes 4G forçarão uma onda de contratações.
“As operadoras certamente terão de contratar os serviços de empresas de atendimento telefônico, especialmente as corporações que contam com um quadro de funcionários que falam mais de um idioma”, diz Eduardo Tude, presidente da consultoria especializada em telecomunicações Teleco.
Esse movimento vai gerar, numa primeira fase, milhares de empregos em call centers, com remuneração média de 700 reais mensais, de acordo com o Sindicato Paulista das Empresas de Telemarketing (Sintelmark). Esta pode ser a primeira oportunidade de trabalho de milhares de jovens no Brasil.
Outra razão para crer na alta da contratação de atendentes é a necessidade de reduzir a quantidade de reclamações protocoladas na Anatel, principal motivo para suspender as vendas dos planos de voz e dados em julho deste ano.
Eduardo Tude afirma também que algumas regiões contam com infraestruturas sobrecarregadas e os fornecedores de serviços de TI contratados pelas operadoras atuarão para solucionar os problemas das empresas de telecomunicações. Além disso, haverá o redirecionamento de investimentos para aumentar a capacidade de rede e os especialistas em TI serão mais solicitados.
“Houve uma diminuição do quadro de profissionais após a consolidação de algumas operadoras. Apesar disso, a Huawei e a Siemens, por exemplo, treinaram equipes e contrataram profissionais com o objetivo de suprir as necessidades do mercado”, comenta. Tude prevê mais empregos para especialistas em telecom em várias regiões do país onde a infraestrutura das teles precisará ser ampliada, como as regiões Nordeste e Centro-Oeste.
Além de qualificação, as fornecedoras de serviços poderão requerer profissionais com possibilidade de viagem. A TIM, por exemplo, foi proibida pela Anatel de comercializar novos planos em 19 estados em julho deste ano e as regiões remotas carecem de mão de obra qualificada.
Mesmo com as metas de qualidade estipuladas pela Anatel, o presidente do Sindicato dos Trabalhadores de TI (Sindpd), Antonio Neto, comenta que a situação atual das empresas de telecomunicação é consequência da falta de estrutura no setor nos últimos anos.
“As operadoras precisam aportar dinheiro em infraestrutura e em pessoas para solucionar os problemas deste setor. Elas não se prepararam durante a expansão de rede. Os investimentos anunciados recentemente, após pressão do governo e dos clientes, estão abaixo do necessário para sanar os problemas do setor de telefonia”, afirma.
Neto diz que a superação destas dificuldades é fundamental para o crescimento deste setor, além da iminente popularização da banda larga 4G e da tecnologia de computação em nuvem. “As empresas precisam se responsabilizar pelos erros e melhorar o atendimento. O governo está correto em cobrar um serviço adequado das empresas de telecomunicações. Mas precisa ser mais ativo”, diz Neto.
Para enviar os dados profissionais para as empresas, os interessados podem verificar os sites de anúncios de vagas e consultar periodicamente as oportunidades nos sites das operadoras TIM, Vivo, Claro e Oi.
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